03/02/2005

Viver não dói...

Nossa dor não advém das coisas vividas,

mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,

apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,

que gerou em nós um sentimento intenso e que nos

fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado

e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,

por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido

ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os

filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,

por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter

compartilhado, e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,

mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,

para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,

mas por todos os momentos em que poderíamos estar

confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela

estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo

confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,

todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está

no amor que não damos, mas forças que não usamos, na prudência

egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,

perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

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